Cinco passos simples para ensinar pronúncia de maneira eficaz e divertida

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Uma dificuldade frequente que a gente encontra ao ensinar pronúncia é preparar atividades que envolvam mais que fazer o aluno escutar e repetir palavras e frases soltas, ou ainda em lições de linguística avançada envolvendo o alfabeto fonético. De fato, todos os meus alunos, sem exceção, já me disseram que achavam lições assim entediantes e desmotivantes.

Pensando nisso, desenvolvi algumas estratégias para oferecer uma solução fora da caixa para meus alunos. Confira:

Escolha com o quê você quer trabalhar

A maioria das aulas/slots de pronúncia começa mal aqui. Você pode optar por sons ou palavras ou ainda por frases. O mais importante, entretanto, é que isso precisa ser algo que faça sentido para o aluno. Uma abordagem interessante é focar nas dificuldades que o aluno apresenta na fase de produção da aula, ao falar independentemente sobre o tema. Esse é o momento mais importante da aula, pois é quando podemos de fato perceber o que o aluno entendeu dentro do que tentamos ensinar. Por isso, é sempre importante tomar nota sem interromper.

Com alunos que fazem aulas de conversação, por exemplo, eu anoto várias observações (não apenas sobre pronúncia, mas também sobre gramática e use of English), enquanto o aluno usa o conteúdo que ensinei naquela lição, ou fala sobre um tema de sua escolha, livremente. Enquanto a pessoa fala eu interajo e tomo nota. Minha regra é: se o erro não for substancial ao ponto de fazer o que a pessoa está dizendo ser incompreensível, eu não interrompo. Como eu trabalho online isso tende a ser bem simples. Em aulas presenciais, uma solução legal é gravar essa fase da aula e repetir o áudio na hora do feedback, de forma que o professor tome nota posteriormente à fase de speaking. Minhas anotações no quadro ficam assim:

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Dica: alunos que são constantemente interrompidos tendem a ter mais dificuldade para estruturar frases.

Permita que seu aluno erre

Eu entendo perfeitamente a tentacle que temos em dar a resposta certa ao aluno neste momento. Acho que é uma tendência humana isso. Entretanto, ensinar muitas vezes quer dizer fazer o oposto do que é intuitivo. Assim, não dê as respostas imediatamente por dois motivos:

1. É bem possível que seu aluno não saiba que erro cometeu exatamente, e tentar mais uma vez deixará ia comparação mais clara.

2. Ao contrário do português, a pronúncia do inglês não é regular, o que quer dizer que na condição de falantes não-nativos, muitas vezes precisamos tentar mais de uma vez até acertarmos o jeito certo de falar. Esse é um exercício de humildade essencial para a comunicação, e algo que o aluno precisará fazer na vida real.

Mostre onde está o problema e dê uma segunda chance ao aluno

Peça ao aluno que pronuncie cada uma das palavras. Ao invés de dar a resposta correta, mostre one está o problema e peça a aluno que tente novamente.

- se o problema for a sílaba tônica, sublinhe o lugar correto, ou desenhe uma seta mostrando que parte da palavra enfatizar.

- se for um som de consoante ou vogal, sublinhe ou passe o marca texto na palavra.

Encoraje o aluno a tentar novamente.

Dê a resposta e grave no whatsapp

Assim que você tiver certeza de que o aluno conseguiu perceber onde está errando, dê a resposta correta. Neste momento eu gosto de também gravar a pronúncia correta no WhatsApp, de forma que o aluno possa ouvir novamente depois da aula. Às vezes, para expandir a prática, eu adiciono mais algumas palavras que possam criar o mesmo problema.

Eu tendo a evitar o alfabeto fonético, especialmente com iniciantes, sempre que posso. Não sei como é com outros professores, mas no meu caso os alunos sempre tendem a achar pronúncia ainda mais difícil quando apresento os símbolos. Dessa forma, eu tento me ater o mínimo o possível a termos técnicos.

Pratique a pronúncia também em frases

Algo muito importante para lembrarmos é que pronunciar palavras soltas pode ser bem diferente de fazer o mesmo em frases. Assim, um passo importante é adicionar a pronúncia a um contexto. Normalmente eu tento reescrever a palavra novamente sem a ajudinha básica. Em seguida, faço perguntas que levam o aluno a usar a palavra. Uma coisa que eu evito fazer é pedir ao aluno que “faça uma frase com a palavra”. Isso não soa natural, e além de tudo dá ao aluno um senso de preparação para a tarefa. Normalmente a criação do contexto vem de algo já apresentado na aula. Quando nada dá certo, eu escrevo uma frase com a palavra no quadro.

Confira abaixo um snippet do Felipe, numa aula em que discutimos os desafios de ser um sole trader. Neste momento já tivemos um breve bate-papo sobre o tema e agora estamos trabalhando a pronúncia de palavras que surgiram na conversa. Eu fico muito satisfeita em ver que ele continua procurando usar esses termos no dia-a-dia, e às vezes ainda se enrola, mas já tem a correção como algo muito mais intuitivo, o que é excelente.


Boa sobre com as aulas de pronúncia:

Lachesis

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