The Teacherr (Lachesis Braick)

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O tópico mais importante para todo curso de inglês para viagens

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Um curso bastante procurado é o preparatório viagens, sejam elas férias ou com o fim de estudar/trabalhar no exterior. Independente do nível do aluno e da destinação, existe um tópico essencial muitas vezes ignorado em aula: como fazer pedidos educadamente. É importante sensibilizar o aluno para o fato de que se comunicar numa língua demanda conhecimento sobre a cultura, sobre o que é apropriado em cada contexto e sobre o fato de que muitas vezes traduzimos literalmente sem querer. Seguem os erros mais comuns:

Pensar que as traduções literais ‘I want’ e ‘give me’ são formas aceitáveis e gentis

Traduzir literalmente é um caminho normal do cérebro de quem está aprendendo. Por mais que a gente aprenda o termo em inglês, é normal que a gente traduza e que haja interferência de uma língua na outra. Pergunte a qualquer poliglota sobre o sofrimento de estar falando em uma língua e só lembrar a palavra que você quer dizer em outra!

Dois fatos que reparei:

  1. Mesmo alunos em níveis avançados cometem esse erro;

  2. Mesmo tendo tido contato com o que é certo e mesmo tendo tido aulas 100% em inglês, a pessoa que está aprendendo vai traduzir do português.

Pensar em inglês é algo que acontece aos poucos, e muitas vezes usamos os mesmos termos de uma língua na outra. Isso é normal. Inclusive, quem fala inglês fluente às vezes também faz o caminho contrário. O problema em dizer ‘I want’ e ‘Give me’ em inglês é que não soa como em português. Está gramaticalmente correto, mas quem se comunica assim pode soar rude e arrogante para terceiros. E a pior coisa que tem é a gente ser a visita sem educação na casa dos outros.

Eu sempre faço um teste rápido com o aluno para ver como ele pediria algo num bar ou na sala de aula, ou um favor a um estranho, e em 100% dos casos ‘I want’ e ‘Give me’ apareceram. Eu acredito que parte desse problema seja também devido ao fato de que os os livros muitas vezes trazem formas corretas, mas não as incorretas, então vale a pena focar nisso com alunos

Solução: eu ensino sempre meus alunos a usar o “Can I have… please?” para fazer pedidos. É simples. Funciona sempre. Equivale tanto a ‘me dá’ quanto ‘eu quero’.

Usar o imperativo com intonação de pergunta para fazer pedidos

Um segundo problema que trazemos do português brasileiro é a maneira como muitos de nós utilizamos o imperativo, que eu gosto de chamar de ‘imperativos cantados’. Para muitas pessoas (todo mundo que eu conheço, de fato) dizer ‘Me dá um café?’, ‘Me fala seu telefone?’, ‘Repete por favor?’ não soa rude, desde que você tenha uma intonação bem elevada na frase, como se estivesse cantando. Usamos uma forma gramatical impositiva com um tom de pergunta cantada e isso não sua mal educado. Eis o problema: isso não funciona em inglês em um uma situação em que a pessoa queira um favor ou esteja sendo servido por alguém. Fica feio, fica mal educado, fica mandão.

Assim, é importante mostrar para o aluno que o ‘repeat, please’, do cursinho é horrível, assim como ‘tell me your phone number’ pode não soar bem dependendo da pessoa.

Solução. Eu ensino meus alunos a colocar o “Can you…” antes de qualquer imperativo. Fica melhor e isso pode ser contextualizado com todas as situações do dia-a-dia. Afinal, ninguém vai soar sem educação por dizer “Can you repeat, please?, mas algumas pessoas podem não gostar de ouvir um “Repeat please?”

Ignorar o fato de que todo pedido exige um please no final

Eu tenho uma dificuldade profunda de dizer please. Vira-e-mexe noto que quando me comunico eu abro um sorriso largo e dou uma cantadinha básica no final da pergunta igual eu faço em português, o que não funciona em inglês. Muitos brasileiros também são assim. A regra do inglês é: a cada nova frase que você fala com mais um pedido, mais um please. Isso é uma coisa tão básica para nativos, que muitas vezes eles nem se preocupam em ensinar. Para eles é obvious que para pedir tem que falar please. O que eles não entendem muitas vezes é que a quantidade de vezes que eles falam é um pouco exagerada para nós.

Um ótimo exemplo disso é o vídeo seguinte:

Duas ideias para usar o vídeo em aula:

  1. Perguntar o aluno quantas vezes ele acha que os clientes dirão please em 47 segundos conversando com o atendente antes de tocar o vídeo,

  2. Criar uma situação em que o aluno tenha que fazer os mesmos pedidos antes de mostrar o vídeo para comparar. O professor pode, por exemplo, escrever os pedidos em pedaços de papel e pedir ao aluno que abra e um a um e vá complementando o pedido.

Achar que ‘I’d like’ é culturalmente o equivalente de ‘eu gostaria’

Nos livros didáticos, ‘I’d like’ normalmente aparece na aula sobre sonhos e expectativas. Até aí, tudo bem. O problema é que a maioria dos livros (todos os que eu já vi até hoje) mostram somente as formas corretas, mas não as incorretas. Quando eu trabalhava com aulas presenciais, por exemplo, já tive alunos que disseram ‘I’d like a water, please’, o que é gramaticalmente perfeito, mas inadequado para a situação. Eu vinha da cozinha com o copo de água gelada me sentindo a garçonete. Afinal, usamos ‘I’d like quando em dois contextos:

1. A pessoa ofereceu ajuda

2. O trabalho da pessoa é nos atender.

Com isso, é importante sensibilizar o aluno para o fato de que ‘Eu gostaria de …’ não é usado nos mesmos contextos que ‘I’d like…’. Usar o ‘I’d like’ para fazer pedidos pode fazer o aluno soar como se ele achasse que é obrigação da outra pessoa servi-lo, o que muitas vezes não é.

Bons estudos,

Lachesis

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