5 dicas para quem planeja passar pela imigração em Londres
Em oito anos viajando pelo mundo já estive nos EUA, na Inglaterra, na Alemanha, na França, na Holanda, na República Tcheca, no Chile, em Portugal, na Itália, na Irlanda e na Escócia (acho que lembrei de todos, ufa!) e confesso que acho a border control (como chamamos a imigração dos aeroportos de Londres) a mais rigorosa de todos os países por onde passei. Passei por lá duas vezes em 2013 a turismo, uma em 2016 a estudo, e três vezes em 2017 a turismo.
Se você tem medo dos oficiais londrinos, seguem cinco dicas que podem ajudar:
1. Cada experiência de viagem é única e há mais chance de correr tudo bem do que correr tudo mal
Por mais que existam vários padrões de perguntas e casos de problemas semelhantes por aí, a passagem pela imigração de qualquer país é algo aleatório; depende da pessoa que faz a entrevista com a gente. Infelizmente, às vezes damos o azar de encontrar alguém mal humorado, ou preconceituoso, ou um chato de galocha implicante mesmo, mas muitas vezes não é assim. Qualquer um pode ter problemas, mas na maioria dos casos nada de ruim acontece e a gente fica extremamente tenso à toa. Assim, não foque nas histórias trágicas que as pessoas contam por aí; lembre-se de que você está lendo/ouvindo somente um dos lados da história, e de que, via de regra, as coisas tendem a dar mais certo que errado. O único porém é que, geralmente, quando tudo corre bem, não comentamos nada, mas quando algo dá errado, as pessoas colocam a boca no mundo para contar a história ruim, muitas vezes com bastante exagero.
2. Fale a verdade, mas limite-se a falar do que for perguntado
Parece até bobeira falar isso como dica, mas o que eu mais vejo pela internet afora são pessoas aconselhando os outros a mentir. A não ser que você queira realmente burlar a lei, não faça isso. O oficial da border control é treinado para perguntar a mesma coisa várias vezes com palavras diferentes, e para observar como você se comporta, de forma a identificar sinais de que algo está errado. Eu mesma segui esse mau - mau não, péssimo - conselho da mentira quando fui visitar um ex-namorado, que morava e trabalhava no Reino Unido pela primeira vez. Resolvi, depois de ler comentários da internet, não contar o real motivo da minha viagem, que era visitá-lo. Reservei um hotel, inventei toda uma historinha mentirosa... depois de uma enxurrada de perguntas e questionamentos da oficial e do um outro colega que ela chamou, ela finalmente me deixou passar, mas percebeu que tinha alguma coisa de errado. Depois desse episódio, voltei lá outras vezes e em todas falei o real motivo e com quem realmente estaria hospedada em todas elas; nunca mais tive problemas.
Assim, se você mora sozinho, se é solteiro, se tem parentes/amigos morando legalmente na Inglaterra, se trabalha como autônomo/freelancer no Brasil... Não minta. Não invente uma empresa fictícia onde você trabalha, nem fale que mora com a família se na verdade mora sozinho, nem que não conhece ninguém quando você tem alguém que vai te receber. O oficial vai te fazer as mesmas perguntas mais de uma vez com palavras diferentes, e numa dessas você pode cair em contradição. Para ele, que não sabe que seu problema é uma mera insegurança, isso pode ser um indicativo de más intenções. E o mais importante: limite-se sempre a responder o que for perguntado. Procure não se incomodar com perguntas extras, e não fale de um assunto diferente, nem complemente com mais informações do que o que for pedido. Quem explica demais acaba parecendo querer encobrir algo. A pessoa que está entrevistando você é quem tem que levantar os questionamentos que achar pertinentes, e se você oferece informações a mais, pode parecer que você quer desviar o assunto de alguma coisa, estar no controle da situação, ou que tem algo a esconder.
3. Perguntas que têm praticamente 100% de chance de surgirem:
1. Where are you staying?
Em todas as vezes sem exceção em que eu fui a Londres antes de morar aqui me perguntaram o endereço de onde eu ia ficar e de que tipo de acomodação se tratava, mesmo eu tendo escrito tudo direitinho no papel. Infelizmente, em viagens internacionais fica muito difícil chegar no lugar e escolher onde se hospedar espontaneamente. Com isso, se você é do tipo que deixa tudo pra última hora, saiba que a última hora para Londres é antes de você entrar na fila da imigração. Se você for ficar na casa de um amigo ou parente, peça para a pessoa te encaminhar uma carta convite (veja aqui como fazer uma). Inclusive, uma amiga americana (pra gente ver que não é implicância com brasileiro, como dizem por aí) me relatou que chegou ao aeroporto sem o endereço da casa da amiga que a hospedaria e essa coisa deu pano pra manga, ao ponto de ela quase ser inadmitida porque como estava com o celular descarregado não conseguia sabia o telefone da menina de cór, nem tinha o endereço, nem conseguia mostrar a informação do vôo de volta pros EUA, nem nada que a ajudasse... tadinha. Mas é como diz um amigo meu: better safe than sorry, o seguro morreu de velho. Comigo, o que aconteceu todas as vezes foi que eu não precisei mostrar a confirmação da minha reserva e nem um convite de ninguém; o oficial tão somente leu o endereço do landing card e me perguntou que tipo de acomodação era aquela e por quanto tempo eu ficaria lá: Casa de amigo? Hotel? Hostel? Airbnb? Quantos dias de hospedagem? De todo modo, eu sempre salvei no celular um convite de quem estava me recebendo ou a reserva do hotel, além de ter em mãos a passagem de volta para o Brasil.
2. "May I see the letter of acceptance issued by your school?"
Se você for fazer um curso, ainda que seja um intensivo de um mês, tenha consigo a carta onde a escola fala que aceitou você como aluno. Em Heathrow, inclusive, há placas expressamente falando da necessidade de estudantes internacionais apresentarem a carta da escola.
4. Economize bateria ou vá preparado
Ter os documentos é tranquilo, o problema é não conseguir acessá-los. No Reino Unido, as tomadas são diferentes do Brasil e da Europa, e você só vai conseguir comprar um adaptador numa das lojas que ficam localizadas depois do lugar onde os passaportes são checados. Assim, se você estiver sem bateria, pode não conseguir mostrar que tem uma passagem de volta, ou que reservou um hotel, ou o pagamento do seguro de viagens, etc... Eu mesma tive problemas com uma passagem de standby, porque fiquei sem bateria no avião e não tinha como mostrar para o pessoal da segurança que tinha um bilhete, mas que precisava aguardar a confirmação do staff da cia aérea para saber se havia lugar no próximo vôo. Foi um sofrimento enorme esse telefone descarregado e ninguém que podia ou queria me ajudar. Nem mesmo os funcionários do aeroporto, que já estavam ocupados com outras coisas mais importantes... até que um senhor dinamarquês muito gentil viu meu desespero e me emprestou o powerbank dele por alguns minutinhos. UFA!
Portanto, uma boa pedida é sempre ter consigo um adaptador, ou um powerbank, ou uma versão impressa de todos os documentos. Assim, você pode carregar o celular antes de ir pra fila, e ter tudo à mão quando precisar. Caso você não se lembre deste conselho e o avião onde você estiver não tenha uma entrada USB para carregar celular, a última saída é desligar o telefone durante o vôo e só religar quando você chegar.
E lembre-se: o aeroporto tem wifi gratis, mas nada melhor que ter tudo salvo/impresso para não se estressar.
5. Algumas particularidades da minha experiência
Quando estive em Londres pela primeira vez, em 2013, eu tinha acabado de fazer um passaporte novo. Assim, eu não tinha nenhum carimbo ou vistos. O oficial foi bem cauteloso comigo, me perguntou vários detalhes, pediu para ver o comprovante do vôo de volta e da hospedagem, etc... Já nas próximas vezes, as coisas foram bem mais tranquilas. Acho que a ideia é que quanto mais você viaja e volta para o seu país de origem, menos chance existe de você ser alguém com intenção de ficar. Outra diferença que eu notei é que em todas as vezes que eu cheguei à Inglaterra vindo de outro país europeu, o oficial foi menos atento e rigoroso na entrevista, e me exigiu menos detalhes. Eu me lembro que voltando da Itália, em fevereiro/2017, ele sequer me perguntou quanto tempo eu passaria na Inglaterra. Assim, se você tem medo dos oficiais ingleses e pretende visitar mais de um país na sua viagem, pode ser que seja uma boa ideia começar por outro lugar antes de ir à Inglaterra, mas isso não é uma certeza; é somente o que aconteceu na minha experiência pessoal.
Boa viagem!